Como conversamos ontem com a atendente do hotel, ela nos aconselhou conhecer a Cidade Proibida hoje e amanhã ir até a muralha da China, sendo que para hoje à noite poderíamos assistir um Show de Kungfu (The Legend of Kungfu). Acatamos a ideia, fechamos os dois passeios e pegamos o metrô para a Cidade Proibida.
Achamos fácil andar de metrô. Compra-se o Ticket entra e depois na saída a máquina fica com o cartão, caso não tenha mais créditos. O metrô também é de qualidade superior aos de outras cidades que conheço. Os trilhos são perfeitos sem o incômodo balanço, por exemplo, do metrô de Brasília. As locomotivas também são de excelente qualidade. O conjunto do metrô incluindo as estações são um show de respeito e segurança ao transporte público.
Chegamos na saída do metrô. Para que lado agora? Pergunta pra um, não entende uma só palavra. Outro também não? Até que um entende "Cidade Proibida" em inglês e indica que estamos no caminho errado e nos mostra por onde ir.
Chegamos na entrada, tem uma grande foto do MAO, Líder da revolução, o lugar é imenso, organizado. No guia tem um roteiro sugerido, mas confesso que é difícil compreender e seguir os pontos, de tantas construções, jardins, monumentos e vamos caminhando, quase que a esmo, na sorte. O Pedrinho e o Eduardo alugaram um guia eletrônico que explica cada área assim que você põe o pé nela. Muito interessante. Entrou na construção, começa a explicação sobre aquele espaço.
Impressionante é preservação do local. As pinturas no teto por exemplo, da vontade de tirar fotos de cada uma delas pela perfeição com que elas foram criadas. Dragões, mandalas e outros animais das antigas crenças dos chineses. Este império foi de uma riqueza impressionante, ou talvez a preservação foi ótima, considerando que muitos objetos de Jade, ouro, prata e bronze decorados com pedras preciosas ainda estão em exposição.
“Ganhamos” horas circulando entre as diversas edificações e observando tudo que foi possível. Nada comparável a beleza do monastério dos incensos que vimos em Hong Kong, mas ainda assim muito bonito. No caminho muitas pessoas envolvidas na limpeza, organização e restauração. A limpeza também não deixa nada a desejar. É raro encontrar algum lixo jogado e quando se vê rapidamente desaparece, pois os faxineiros agem rápida e discretamente.
Saímos do outro lado e pagamos, depois dos R$ 30,00, mais R$ 5,00 e subimos um mirante para tirar fotos da Cidade Proibida. Depois de diversas escadarias chegamos ao Mirante que na verdade é um templo dedicado à Buda. O lugar dá uma visão privilegiada da Cidade Proibida e também de Beijing. Vemos que a Cidade Proibida é cercada por outras cidades cercadas do período do império.
Dali resolvemos pegar um táxi. Tentamos de um lado e eles não param. Resolvemos atravessar e tentar pegar do outro lado, mas eles continuam não parando. Pergunto para um onde pegar, ele fala mais para cima. Tento parar de novo e nada. Pergunto para dois, três .... Dez e ninguém fala inglês. Tento para outros táxis, mas eles nos ignoram. Observo que os chineses também não entendem porque eles não param, porque vejo vários pedindo para os táxis pararem, mas também recebem um não. Muito cansados, já andamos várias quadras, com fome, paramos para nos localizar no mapa e descobrimos que estamos perto de um Shopping que eu tinha anotado o nome da rua. Decidimos desistir do táxi e caminhar até lá. O Alexandre compra algumas coisas no Shopping, depois paramos numa Pizza Hut e matamos a fome.
Depois do stress dos táxis que não param, resolvemos fazer mais algumas tentativas e finalmente um deles para. Mostramos no mapa onde queremos ir e depois de alguns nhanhanhans pra cá, nhanhanhans pra lá acho que ele nos entendeu e vamos para o hostal. Temos o show de Kungfu hoje às 18:00 e já são 17:00 horas.
Sem janta, considerando que almoçamos às 16:00 horas, vamos para o Show Legend of Kungfu. O lugar do show é num teatro todo vermelho. Umas lojinhas que vendem produtos relacionados ao Show, comprei uma roupa e uma térmica, o show custou R$ 80,00 incluindo o transporte até o local.
Tem um menino que fica sentado num trono, batendo um martelinho numa cabaça, o que dá um ar misterioso ao local. Aguardamos mais um pouco, tomamos os acentos e o show começa. Muitas acrobacias, se deitam sobre facas, pregos, quebram barras de cimento sobre a barriga, deitam sobre lanças e outras peripécias, tudo acompanhado por uma história que é contado por um ancião a um menino, que aparecem em vários locais no palco e tudo que ele contava ao menino se materializava no palco por meio da apresentação. Eles usavam várias técnicas de ilusão, com telas que desciam na frente dos artistas e misturam imagens ilusórias com os artistas e como por mágica viravam reais, depois de parecerem não reais, realmente impressionante. No final, o ancião revela que a história que ele contou e a história da própria vida dele. Tudo acompanhado por várias músicas, incluídas em vários pontos, principalmente o Mantra "Om mani padme hum".
Depois do show precisamos voltar pra casa. Quem diz que conseguimos um táxi. Depois de caminhar várias quadras atrás de uma estação de metrô o Alexandre conseguiu que um táxi parasse, que por meio de gestos, mapas, endereço e muitos nhanhanhans, localiza o nosso hostal. Pense numa noite bem dormida!
Elton Iappe
16/04/2015
Depois de 3 dias e 2 noites no trem, dormindo numa cabine minúscula, com 6 camas, 3 de cada lado, num lado dormiram o Alexandre, Eduardo e Pedrinho, no outro eu e mais um casal de chineses, que não falam uma só palavra em Inglês, até um pedido de desculpas (sorry) soava estranho para eles, no meu caso e do Pedrinho, cama do meio, não conseguíamos sentar, pois a cabeça ficava dobrada, então ficávamos o tempo todo no corredor ou sentados na cama de baixo, estamos cansados.
Os meus olhos inchados, os ouvidos fechados e um pouco de sangue no nariz revelam que meu corpo sentiu a viagem. Começo a pensar que Transiberiana, viagem de trem de aproximadamente 20 dias não seria tão divertida como tenho imaginado. Dizem que a viagem de ida de Pequim para Lhasa é bem pior que o retorno. Acontecem sangramentos no nariz, dores de cabeça, etc., por causa da subida brusca. Fico imaginando, que deve ser bem difícil, considerando como me sinto no momento.
No trem, como já descrevi no relato anterior, fora nós 4, só tem chineses. Não encontramos um só chinês que falasse inglês, nem os atendentes do trem entendem o que falamos, tudo é por gesto. Por exemplo, para saber quanto tempo de parada do trem, pedia para o funcionário me mostrar no relógio. Para comprar cervejas, precisei comprar 1, abrir, cheirar, entender que era cerveja, daí comprar mais 3 para os outros, porque a escrita era toda em Chinês e os atendentes nas estações não entendiam o que estava pedindo.
Os chineses no trem nos olham com curiosidade, nitidamente com vontade de conversar, mas como? Eles ficam nos acompanhando com o olhar, se mostrando sempre disponíveis para ajudar por meio de gestos, ou por meio de uma ou outra palavra em inglês que um ou outro conhecia.
Então, fora o cansaço e algumas dificuldades, a viagem de 42 horas, passando por 4.015 km, subindo de quase 4.000 metros de altitude para mais de 5.000 metros e depois descendo para pouco acima do nível do mar, em Pequim, foi uma experiência incrível e de muitos aprendizados, de visões belíssimas, principalmente das partes congeladas do caminho, do desenvolvimento da China e das dificuldades com o solo pobre no caminho, o que nos leva diversas vezes a lembrar do solo abençoado do Brasil e do nosso potencial, caso tenhamos um governo forte como a China tem. Um governo que de comunista percebi pouco, mas as coisas andam quando o governo quer, por exemplo, o governo Chinês tem uma bronca com o Google, ninguém pode acessar e acabou. Primeiro a coletividade e depois a invidualidade. Se é bom para o País o cidadão precisa se adaptar.
Nesse momento devemos estar nos aproximando de Beijing, considerando que o céu está encoberto por uma densa poluição, o que me faz lembrar da beleza das estrelas nos céus de Brasília, coisas que temos e que as vezes nem agradecemos. A entrada de Pequim tem muitas plantações e muitos galpões. O solo é seco e aparentemente pobre, precisando de irrigação para produzir.
Realmente estou muito grato promessa experiência e pela forma legal com que tudo aconteceu, ninguém de nós ficou com a saúde debilitada, não usamos os remédios que levamos, todos estão dispostos, conversando no trem mostrando que cada um tirou o melhor da viagem e experimentou as experiências que cada um precisava experimentar nesta viagem. Agora só estando Pequim, posso dizer que já ganhamos várias viagens nesta única viagem. Foram experiências únicas em vários momentos, com aprendizados que só podem ser conquistados numa aventura como está.
Na chegada na estação em Beijing, muitos chineses nos abordam no caminho para tomar um táxi oferecendo transporte, o que normalmente é uma fria, seguimos firme e vamos pegar um táxi onde todos aguardam por um. Pequim, na saída da estação de trem é bem engarrafada, mas logo começa a andar. Algumas dificuldades com o taxista porque não entendeu minha tradução que fiz no Google para o Chinês, mas ele liga para o hotel e consegue achar o Dragão King Hostal.
Chegamos no hostal, banhos e depois nos informamos sobre os passeios na recepção e como ficamos no meio das estações de metrô, fica fácil para nós locomover e vamos primeiro conhecer a Praça do Céu.
Logo que saímos nos deparamos com uns chumacinhos que parecem com algodão muito fino, mas está em todo lugar que andamos, até dentro do metrô. Já tínhamos observando durante a vinda de táxi da estação de trem. Mas agora esses chumacinhos começam a entrar nos olhos, nariz, boca... Vão irritando olhos e nariz. Começamos a teorizar, eu penso que é de alguma árvore que deve ter muito aqui, os outros acham que é poluição. Depois de algum tempo um guarda fala algo que entendemos que é poluição mesmo e finalmente compreendemos que realmente é poluição.
Na Praça do céu tudo é muito grande, difícil até de se localizar no mapa. A entrada ficou uns R$ 18,00 e ganhamos autorização para 4 palácios. Fomos em todos e apesar da beleza e detalhes de mandalas e museu com objetos antigos, não me Impressiono muito, talvez o cansaço de dois dias de viagem de trem tenham tirado o apetite de conhecer. Mas de qualquer forma, tudo é bonito e grandioso como deve ter sido a dinastia Ming. Pena que não assisti o filme "O Último Imperador" antes da viagem. Teria ajudado a entender melhor.
Saímos do parque por volta das 17:00 horas e vamos comprar uma mala. Experiência única. Entramos numa feira que parece um shopping, mas o que impressiona é a forma agressiva que os vendedores agem. Tudo começa com preço de 100 e pode chegar 20 ou 30, proporcionalmente. Mas quando você pergunta o preço eles não querem deixar você sair de maneira nenhuma. Agarram você pelo braço, puxam, gritam com você é meio constrangedor.
Encerramos o dia no barzinho do hostal, onde servem comidas que conhecemos e sem pimenta. Foi um dia bastante carregado, mas valeu a pena.
Elton Iappe
15/04/2015
Hoje acaba nosso prazo de permanência no Tibet e nossa volta é por meio do trem que liga Lhasa a Beijing, cerca de 4 mil km, 42 horas de viagem passando por meio de paisagens incríveis segundo relatos que vi na internet, vídeos e também conforme comentários no Lonely Planet.
A partida será a 15:30 horas, mas levantamos tarde, arrumamos as coisas e praticamente não fazemos nada. O almoçamos e já é hora de nos deslocarmos para a estação de trem. O Lopsang, o nosso guia, já que para ir ao Tibet somente se tiver um guia responsável, nos acompanhou e ajudou em tudo que fosse possível até que os ticket de embarque estivessem nas nossas mãos. Cada um ajuda um pouco e damos para ele $200,00, cerca de R$ 100,00, a título de gorjeta.
Entramos no trem e só vejo nós de ocidentais, o resto são só chineses e mais chineses. Na nossa cabine tem mais um casal de chineses de uns 60 anos. As camas são melhores do que ir sentado em um banco, mas é bem apertado, no entanto, como não tem jeito todos se ajeitam e a viagem começa.
O trem começa a subir e subir e as paisagens vão ficando cada vez mais inóspitas, sendo que já eram em Lhasa, onde os lábios racham de tão seco que é. A paisagem começa a ficar com cada vez mais nevada e chega o momento em que tudo fica branco, alguns iaques pastando uma ou outra cidadezinha, algumas pessoas... O mais impressionante, se é que tudo já não seja impressionante, são os lagos congelados.
Os lagos ficam parcialmente congelados e algumas partes o gelo quebram e os pedaços sobressaem a superfície do lago formando uma visão espetacular, quando conjugado com o fundo de montanhas nevadas e algumas partes de terra totalmente cobertas por neve. Vou postar algumas fotos mas não acredito que consigam transmitir a beleza.
As cabines com 6 camas cada é bem apertado mas para dormir tudo bem. O problema que preciso pendurar as coisas acima da minha cama, mas fica meio incômodo. Tudo bem. Acho que vai dar tudo certo. Amanheceu. Dormi muito bem e como todo mundo está animado é sinal que ninguém teve problemas para dormir nas camas super compactas do trem.
O ambiente externo mudou. Agora as paisagens congeladas foram substituídas por vegetação ralinha, acinzentada, com montanhas parcialmente cobertas com de neve e mais na frente de terra. O formato das montanhas revela que chuva por aqui é desconhecida e assim é o vento que dá tão do formato das montanhas. Alguns filetes de água de desgelo, um ou outro lago... Pense num lugar desoladamente belo.
No caminho, ladeando a estrada de ferro começamos a ver alguns peregrinos, no ritual de: “ficar de pé, bater as mãos sobre a cabeça, se jogar de frente, levantar, dar 3 passos e repetir o movimento”. Eles fazem isso por kms, numa procissão de penitência interminável. Eles costumam fazer isso em torno de lugares considerados sagrados, como o palácio de Potala, a cidade de Lhasa, monastérios, templos e onde mais que alguém fala que é sagrado, aliais tem muita sacralidade por aqui, tais como montanhas, rios, lagos, prédios, cidades...
Meio dia, tinha lido no guia turístico que devia levar coisas para comer porque a comida seria ruim. Pedimos um prato estava bom, daí fomos para o restaurante e pedimos frango com molho e arroz que veio sem pimenta, adicionado sal a gosto ficou uma delícia. O Alexandre pediu camarão que veio com pepino cozido e arroz. Também gostou muito. Então, contrapondo o guia a comida é boa.
Passamos pela cidade Lanzhouxi, capital da Província de Gansu, a várias horas já estamos discutindo sobre as obras impressionantes e dá a impressão que tudo está em obras, mas nessa cidade é que ficamos, como diz o ditado, de boca aberta com a quantidade de prédios em construção, todos com certeza com mais de 30 andares. Além disso são muitas obras de estradas de rodagem e de ferro. A cidade é imensa.
Passamos ainda por campos de geração de energia eólica, com muitas, mas muitas turbinas, muitas construções e muita terra desolada, onde pequenas plantações são desenvolvidas em áreas entre as montanhas. São pequenas rocinhas que eu acho que devem aproveitar o desgelo do período de inverno para plantar alguma coisa.
Enfim, o País é desenvolvimento a cada km desses 4.018 km que andamos, mas a carência de terras férteis nos acompanharam o caminho todo, em especial na Mongólia, onde as terras são na verdade grandes desertos.
Um resumo do que vimos: a China é impressionante.
Elton Iappe
13 e 14/04/2015
Hoje levantamos cedo, 6:00 horas da manhã, as sete horas saímos para o Parque Nacional Namtso, onde tem o lago Namtso a uma altitude de 5.120 metros. Trata-se do lago de água salgada mais alto do mundo. Interessante perguntar como a água do mar foi para a altitude dessas? Tem alguns vídeos do History Channel, que teorizam sobre o que pode ter acontecido.
O lago, segundo o nosso Guia está congelado, mas que não se pode andar sobre o gelo porque ele seria muito fino e poderia rachar e adeus caminhante, considerando que o lago seria muito fundo. Como é muito alto e o frio seria algo baixo de zero, pense numa quantidade de roupas que usamos. Até os movimentos ficaram até meio limitados.
O caminho por si só é de uma beleza diferente, com pequenos filetes de neve descendo das montanhas, um rio que corre margeando a estrada, em vários pontos o gelo cobre o rio que corre por baixo e aparece em outros pontos. Paramos umas quatro vezes para tirar fotos, mas a vontade era de parar mais vezes, mas o frio limitou o nosso desejo.
Chegamos num mirante do lago, parte mais alta 5.190 metros de altitude. Belas fotos das montanhas parcialmente cobertas com neve e do lago, que aparentemente não parece congelado, pois dá para ver as ondas. Ficamos um pouco por ali e depois embarcamos na Van e vamos até a vilinha em frente ao lago, dali o nosso Guia disse que poderíamos ficar sozinhos. Antes nos explica sobre os comerciantes e a insistência deles em vender e lá vamos nós.
O lago realmente está congelado e o que pareciam ondas eram na verdade água congelada que dá a impressão que a onda congelou. Na beira do lago tem iaques, uma espécie de boi, mas mais pequeno e bem mais peludo e esses eram de uma espécie branca, muito bonita. Montamos para algumas fotos. Mas como diz, que iaque o quê? Os chineses pedem a toda hora para tirar fotos com nós. Acho que devem ser de uma espécie rara por aqui, já que todos os que encontramos até agora eram pretos.
As fotos ficaram belíssimas e esse lago também é algo que ainda não tinha visto. Tiramos fotos literalmente caminhado sobre as águas... Congeladas, mas caminhei. Muitas experiências que temos tido nesta viagem realmente são únicas.
Como saímos muito cedo e no local só tem comida chinesa e como expliquei, tão apimentada que dá problemas, como por exemplo um pouco diarreia e gases em excesso, compro um copo de massa, água quente e o almoço está servido. O Eduardo e o Alexandre preferem se manter apenas com chocolate, uma maçã e água.
Agora é bater 240 km de volta para Lhasa. Mais uma chance de observar as belas paisagens do caminho. Eu dormir? Nem pensar! Faço isso quando chegar em casa. Mas tem horas na viagem que eu acho que sou só eu que estou acordado, porque o motorista tem olhos tão puxados que até parecem que estão fechados, mas como o carro continua na estrada, então é eu e ele acordados na Van
A volta a Van vai quase andando em marcha lenta, porque o controle de velocidade é feito por meio de paradas em postos fiscais que colocam carimbo com horário, e daí ele precisa de tanto tempo para chegar no outro posto, se acelerar muito ele precisa parar e esperar. A fome bateu antes da chegada, ou seja, alguns passaram fome mesmo.
Elton Iappe
12/04/2015
O café no hostal tem torradas, um chá preto, mas que eles pensam que é chá verde e que eu misturo com leite e fica parecendo um tchai indiano, ovos fritos e algumas comidas chinesas ou nepalesas que não caem bem no paladar dos ocidentais. Alguns restaurantes que conhecem os nossos hábitos conseguem entender “que existe gente no mundo que não gosta de pimenta” e outros que você pode explicar exaustivamente e eles trazem o prato com ainda mais pimenta.
O que realmente impressiona a cada momento é a vontade de dizer um oi, um olá, uma abanada de mão e quando correspondemos eles saem dando risadinhas e conversando. A forma como nos tratam faz me sentir algo como um astro famosíssimo, aquela pessoa que todo mundo quer chegar perto, receber um olhar, uma palavra... Eles realmente são muito amáveis e não se percebe maldade da parte deles. Nosso guia disse que a 10 anos atrás eram ainda mais amáveis, mas que as pessoas mudaram muito nos últimos anos.
No templo que vamos hoje já haviam cerca de 10 mil monges, mas que hoje não passam de 500. Para ser monge hoje precisa de uma autorização governamental e que bem difícil de se obter. Antigamente as famílias decidiam e a pessoa entrava por vontade própria e normalmente era aceito.
Nove horas em ponto nosso guia nos espera no saguão, acabamos de comer e saímos. Nos espera uma Van porque o monastério fica longe. Chegamos a local, aparentemente é igual ao que visitamos ontem, subimos tiramos algumas fotos internas, visitamos a cozinha do monastério que realmente é impressionante pelo tamanho das panelas, a posição dos utensílios que obedecem uma ordem perfeita e o que se pode chamar de fogão, que de tão grande que é os monges caminham sobre ele.
Depois entramos para o salão principal, onde os monges estão entoando um mantra, cerca de uns 50 monges, o guia explica que esse mantra que estão entoando é um mantra simples, mas não entendi porque naquele dia era simples. Algumas pessoas passam entre os monges e deixam dinheiro no colo deles que depois eles pegam e guardam. É bem mágico e a mistura de sons que eu não sei descrever segue por um longo tempo, mas nosso tempo se acaba e precisamos ir para o almoço, porque a tarde vamos a outro mosteiro, mas o mantra continua.
Esta viagem está muito completa e mesmo que tivesse pensado em tudo ainda assim não seria tão perfeita. Passamos por Hong Kong onde a modernidade impera, depois fomos para uma cidade menor, mais desorganizada e menos rica, depois Chengdu onde organização e a riqueza estão em cada olhar, depois uma cidade turística – Jiuzhaigou, onde experimentados neve e paisagens belíssimas, depois Xi'an, onde a história da China se revela por meio dos Guerreiros de Terracota, agora estamos num lugar onde a tradição dá as cartas, os monges, templos com mais de 1.300 anos, deserto e tudo mais. Aventura perfeita! Qualquer coisa é lucro e nem chegamos ainda a Beijing, que por si só é uma viagem, tanto pela história como pelas belezas do local.
Viajar é assim sempre, uma surpresa a cada dia, hoje quando estava participando da cerimônia dos monges, pensei para mim mesmo, por mais que eu tivesse imaginado, não poderia imaginar uma aventura mais completa que essa.
Detalhe interessante sobre Lhasa, raros os lugares onde preciso usar batom de cacau, mas aqui, neste clima de deserto, onde o pouco de umidade que tem vira gelo, as coisas ficaram sérias, preciso tomar cuidado pois estão começando a rachar, mesmo usando o batom de cacau.
Depois do almoço vamos visitar mais um monastério – Monastério de Sera, mas como já disse, se visitou um, os outros se parecem, os mesmos Budas as mesmas histórias e assim por diante. Este de diferente tinha um Buda Cavalo que ajuda quando as crianças não dormem, eles trazem até esse Buda e logo, tinham muitas crianças no local. Eu e o Alexandre resolvemos subir a montanha que tinha atrás do monastério. Foi bem legal. Alguns meninos e meninas pediram para tirar fotos com nós e foi aquela festa com fotos para todos lados e muitas risadinhas, pois não sabem uma só palavra em inglês.
Interessante são os açougues daqui, a carne de iaque fica exposta de manhã até de noite e eles cortam os pedaços sobre trocos de madeira. Meio estranho, também que esses locais são sempre bastante sujos.
Achamos alguns restaurantes por aqui que servem comidas ocidentais, tipo pizza, massas, etc, é claro que feijão e arroz da maneira que conhecemos não existe por aqui e o arroz que servem vem sempre sem sal.
Abraços a todos e sem Gmail não estou conseguindo responder aos comentários, mas depois leio todos. Só para relembrar, aqui na China, qualquer produto Google não abre, por restrição governamental.
Elton Iappe
11/04/1015