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Safra em Canarana impressiona

CANARANA – Dados levantados pela Secretaria Municipal de Agricultura mostram dois números recordes na safra 2011. Foi fechada a colheita de soja com 127.000 hectares de área plantada e a produtividade fechou com a média de 52,98 sacas por hectare. “É a maior área plantada e maior produtividade de soja em Canarana, desde que se têm registros que eu venho fazendo e acompanhando a partir do momento que assumi essa Secretaria.

Não existem registros anteriores e por isso afirmo com certeza que esta é a maior média que se tem conhecimento no município. A média de colheita da soja dos anos anteriores no município de Canarana era entre 51,4 e 50,9”, afirmou Eliane Felten, secretária de Agricultura. A secretária disse ainda que o momento é tão bom para a agricultura da soja em Canarana, que a boa produtividade coincidiu com um bom preço para os produtores. “Pra se ter uma idéia, fizemos o levantamento de um por um dos produtores, e dos 127.000 conseguimos os dados de 125.000 hectares, faltando somente 2.000 porque não conseguimos falar com os proprietários”, ressaltou Eliane.

Diante dos dados, foi constatado que do total da área plantada, 8% fechou acima das 60 sacas por hectare, 28% fechou entre 55 e 59 e 43% fechou de 50 a 55 sacas por hectare. Somando todas as áreas acima de 50 sacas, o total fecha em 80% da área do município. “Entre 40 e 50 sacas, tivemos 19,87% das áreas que fecharam com esses números, portanto é um número pequeno em relação ao total. E abaixo de 40 sacas não tivemos registro de nenhum produtor que fechou essa média”, disse ela.

Eliane informou também que estimativa para a próxima safra é a melhor possível, já que as empresas ligadas ao agronegócio estão bastante otimistas. A área plantada deverá chegar a 140.000 hectares de soja. “Estamos trabalhando com uma previsão de 127 para 140, mas temos grandes fazendas no município que estão negociando para aumentar suas áreas em até 15.000 hectares”, declarou ela.

A produção da segunda safra de milho também teve a maior área plantada em Canarana, que foi de praticamente 23.000 hectares. Apesar de algumas informações sobre a queda de produtividade, Eliane Felten esclareceu que a realidade dos produtores é outra. ”Temos um percentual pequeno de milho que foi plantado no mês de março, esse sim está tendo uma quebra de produtividade onde teremos por volta de 25% de quebra no geral da produção. O ano passado que foi um ano bem crítico, a safra foi de 61 sacas de milho por hectare. Esse ano acreditamos que a situação do município será melhor que a do ano que passou”, relatou.

Eliane falou ainda que poderá haver alguma quebra, até porquê tem áreas que nem vão produzir devido a decisão de alguns produtores que arriscaram o plantio tardio que geralmente é feito por volta do dia 25 de fevereiro. Nesse ano algumas lavouras foram plantadas no mês de março. “O produtor que fez isso, fez consciente de que ele estava arriscando e poderia não conseguir produzir”, comentou a secretária.

Apesar da boa safra, os reflexos desse bom momento ainda não beneficiaram a economia local. Segundo a secretária, isso acontece por que o retorno financeiro que a soja proporciona não é muito grande, e o custo de produção fica em dívidas que são contraídas junto a agências bancárias que financiam essa produção, Tradings, nas revendedoras de máquinas e implementos. Portanto, o grande volume de dinheiro fica entre essas empresas e é exportado de Canarana. Tirando o pagamento da folha dos funcionários dessas empresas, esse dinheiro não circula no município. “Já o recurso da segunda safra, o produtor já pagou as contas, e então ele vai pagar o posto, a farmácia, oficina, borracharia, comprar um imóvel. Esse reflexo econômico da safra só será percebido nos próximos meses quando será comercializada a safra de milho, milheto, crotalária e outros”.

Segundo Eliane, outro fator que impede a circulação do dinheiro da safra dentro do município é devido alguns produtores ter soja disponível e terem condições de guardar os grãos em armazéns próprios. Eles ficam aguardando um preço melhor para poderem estar comercializando o seu produto.

A secretária falou também sobre a passagem da Expedição Bandeirantes, onde mais 100 produtores estiveram em Canarana no último dia 18.05. “Tem duas formas de desenvolver a nossa região: a primeira é pela visão estratégica de um governante, e quando isso não acontece a segunda forma é na marra. Então acho que estamos nessa segunda fase. O Vale do Araguaia vai desenvolver na marra com o esforço das pessoas que aqui estão”, afirma.

Somente este ano foram plantados 860.000 hectares com soja em todo o Vale do Araguaia. Somado com a área de milho, arroz e outras culturas, ultrapassa mais de um milhão de hectares plantados. “Todo mundo sabe, o governo, as empresas, as pessoas ligadas ao agronegócio sabem que aqui no Araguaia está a maior área com a possibilidade de maior expansão agrícola do estado de Mato Grosso sem impacto ambiental, o que é importantíssimo. Então essa expedição também tem esse conhecimento e está no rumo da história”, declarou. Ela ressaltou que vê com bastante entusiasmo a visita desses produtores e que talvez possam estar investindo e colaborando com aqueles que aqui já estão, cujo objetivo é o desenvolvimento do nosso município e de nossa região. (Jornal O Pioneiro – Rafael Govari)

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