Vários fatores influenciam nos preços da soja e milho, diz palestrante
ÁGUA BOA – Aconteceu ontem à noite no Sindicato Rural, palestra sobre as tendências para o mercado de soja e milho, com Ismael Blum Menezes, sócio proprietário da MD Comoodities.
O evento foi organizado pela Bayer e Agro Amazônia. Menezes é administrador de empresas pela Universidade Estadual de Londrina – PR, com MBA em Gestão Estratégica de Agribusiness pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Trata-se de momento de definição do mercado internacional da soja em plena guerra comercial entre China e Estados Unidos, na época de semeadura da safra de grãos no Brasil.
Milho – O palestrante disse que o produtor de milho de Mato Grosso saiu de um ano ruim de preços (2.018) para outra realidade doravante. Menezes afirmou que o câmbio do Dólar frente ao Real subiu, o que puxou os preços para cima nos últimos meses. Lembrou que o milho de Mato Grosso tem valorização no mercado mundial frente ao problema de doenças nos suínos na China. Toda essa conjuntura tem valorizado o cereal nos últimos meses. Ismael Menezes destacou que o milho de Mato Grosso geralmente é produzido na 2ª safra, o que tem dado tempo para o plantio da soja na primeira safra. “Houve alta também nas cotações em Chicago em virtude das inundações nos Estados Unidos. O planejamento para a área de milho safrinha depende claro, da primeira safra, e isso precisa ser bem planejado por cada produtor rural”, destacou ele.
O palestrante afirmou que os preços do cereal para julho e agosto de 2.020 dependem porém, de outra situação: a aprovação pelo Senado Federal da reforma da previdência, o que tende a puxar o câmbio do dólar para baixo. Ele lembra ainda que a destinação do volume de milho para a produção de etanol tem criado outro nicho de mercado. Podem ser destinados até 4 milhões de toneladas de milho para a produção de etanol, criando oportunidades a nível de Mato Grosso.
Observou também que a Argentina tem concorrido com o milho brasileiro. O Brasil deve exportar 38-39 milhões de toneladas contra 36 milhões de milho argentino, com troca de governo no país vizinho, o que também pode mudar o quadro exportador. Diante desse quadro quem produz milho no Brasil deve ficar atento mensalmente às expectativas quanto ao mercado mundial do cereal. Sobretudo, a influência do clima também pode determinar variações ao longo dos próximos meses.
Soja – Ismael Blum Menezes acredita que a soja para maio de 2.020 tem grande potencial de alta em Chicago (EUA), principalmente por conta de um novo acordo entre China e Estados Unidos. A expectativa é de boas cotações em solo americano. O consultor destacou porém, como fator determinante, que se as reformas da previdência forem aprovadas, poderão provocar uma queda no câmbio brasileiro, influenciando diretamente nos preços pagos ao produtor da oleaginosa. A estimativa é de que o câmbio fique entre R$ 3,85 a R$ 4,20, impactando nas vendas em Reais. O importante para o produtor é a gestão de risco que deve ser feita diariamente ao longo dos próximos meses, para saber quando é a data certa para a venda do produto. Tudo deve ser feito para garantir a sustentabilidade da propriedade rural.
FICO – O especialista também falou sobre a vinda da Ferrovia de Integração Centro Oeste para o Araguaia, grande fronteira agrícola ainda em franca expansão. Menezes disse que a FICO será interessante no ponto de vista de garantir custos menores aos produtores rurais em logística, revertendo em preços melhores aos produtos como soja e milho, entre outros. Ismael destacou que a FICO oferecerá novas condições aos produtores rurais, sem falar na geração de emprego e renda que esse novo modal trará para o Araguaia. Todos sairão ganhando, não só os produtores rurais, mas também o comércio e os prestadores de serviços em geral.