Produtor de tomate relata prejuízos com o forte calor - Veja Vídeo
Atualizada dia 06 Out 2020
ÁGUA BOA – Nossa reportagem visitou uma área plantada com tomate do produtor Manoel Moreno de Mello em uma região de chácaras próximo ao antigo aeroporto municipal. Manoel ficou conhecido depois que fez um apelo para vender tomate no mercado local e regional. No mês de junho, ele estava na iminência de perder cerca de 15 mil quilos do fruto, por falta de mercado.
No mês de julho, quando o mercado regional abriu as portas, uma traça atingiu os tomateiros, acabando precocemente com a produção. A saída foi ele migrar com a plantação de tomate para outra área distante, para evitar a ocorrência da traça.
Ele recomeçou o projeto, construindo o viveiro de produção, investindo cerca de R$ 4 mil entre palanques de cerca Teca, arame e encanamentos para a irrigação dos tomateiros. Dessa feita, Manoel plantou 900 mudas de tomate Justyne e 600 mudas da qualidade BRS Nagai. Ele esperava produzir até 13 quilos de frutas por pé, mas então, o calor se instalou e apesar da irrigação por gotejamento, ocorreu o abortamento de muitas flores.
No final da safra, Mello diz que deve render apenas 4 quilos de tomate por pé. A estimativa inicial era de colher tomates por até 90 dias, mas a safra não passará de 6 semanas de aproveitamento, em função do prolongado período de forte calor. Os cerca de 6 mil quilos de tomate devem ser ofertados todos no mercado local.
As vendas são feitas basicamente na Feira do Pequeno Produtor e como integrante da merenda escolar (kit de merenda). Desta feita, Manoel pode comemorar a entrega do produto, ainda que abaixo da quantidade esperada, em função do forte calor. Ele disse que assim que acabar a safra de tomate, vai migrar novamente de local para plantar a próxima safra em estufa durante o período das chuvas.
Nagai - A cultivar de tomate BRS Nagai é um híbrido do tipo saladete indicado para cultivo em todas as regiões produtoras do país, em campo aberto ou em ambiente protegido. O híbrido possui genes naturais que conferem resistência e/ou tolerância a mais de 40 variantes e raças de fungos, bactérias e vírus.
Justyne - Tomate longa vida de ciclo médio/precoce. Planta de crescimento vigoroso e indeterminado. Frutos uniformes e firmes de coloração vermelho intenso com peso médio entre 230 e 250 g. Alta tolerância a manchas e rachaduras de frutos.
Veja Vídeo Aqui:
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Atualizada dia 21 jul 2020
Do sonho ao pesadelo:
ÁGUA BOA – Nossa reportagem voltou ao produtor de tomates para saber o andamento da colheita. Manoel Moreno de Mello contou que após a reportagem inicial, dia 18 de junho, ele passou a vender tomates que estavam quase estragando em uma chácara aos fundos do CTG Coração Gaúcho.
Porém, três semanas depois, Manoel notou a presença de uma praga nos tomateiros. Ele disse que esperava colher os frutos por cerca de 70 dias, mas a praga dizimou a safra. Tendo plantado cerca de 1.200 e esperando colher ainda 600 a 700 caixas de tomate, a perda da produção foi de 80%.
Cada caixa comporta 22 quilos, demonstrando que Mello perdeu cerca de 14 mil quilos de tomate. A praga é conhecida popularmente como traça do tomateiro. Mello apelou para um apoio técnico da Empaer local. Foi trazida uma vespinha, inimiga natural da traça e introduzida no tomateiro. Apesar das medidas preventivas, ele não conseguiu salvar os tomateiros.
Em um primeiro momento, Manoel pensou em arrancar as plantas de tomate e promover posteriormente seu replantio. Porém, teve aconselhamento técnico e preferiu abandonar a plantação. Mello transferiu a horta para outra propriedade, por medo de que a praga não tivesse mais controle.
Ele teve que promover novos investimentos e iniciar do zero a plantação de tomate, algo que a família tem vocação por anos de experiência no ramo. Segundo a recomendação dos agrônomos, o aconselhado é evitar plantar tomateiros na mesma área infestada por pelo menos 5 meses, como forma de eliminar a traça do tomateiro. Manoel disse que não desistiu da atividade, justamente por entender que a persistência é que vence as dificuldades.
O Extensionista Rural da Empaer escritório local confirmou que o órgão foi procurado pelo produtor relatando ataque de uma praga em 1.200 plantas de tomate. A primeira iniciativa foi contra-atacar a praga com uma vespa chamada Trichogramma. Porém, a praga já tinha se alastrado de forma incontrolável.
O controle biológico funciona no começo da praga. Essa vespa ataca os ovos da praga e demora alguns dias para o controle natural. No caso específico, as larvas já estavam causando prejuízos aos tomateiros. As lavras atacam a planta e os frutos. Já a traça na ase adulta se torna uma mariposa de mais difícil controle, o que inviabilizou o salvamento dos tomateiros.
Alison Lucas Lorenzon afirmou que nem a aplicação de inseticidas conseguiu salvar a safra. As vespas foram obtidas graças a contatos do Extensionista com uma ex-professora de Faculdade de Campo Verde/MT. Mesmo assim, não foi possível salvar a produção, explicou Lorenzon.
A traça do tomateiro (Tuta absoluta) é uma das principais pragas que afetam a cultura do tomate. Ela aparece especialmente em períodos mais secos, e é responsável por causar danos significativos nas plantas (desde às folhas até os frutos), podendo acarretar em enormes prejuízos econômicos aos horticultores. Sua presença também afeta a sanidade dos materiais, uma vez que o ataque da traça pode facilitar a contaminação por patógenos. Para evitar a praga, produtores devem ficar atentos aos menores indícios de seu aparecimento, evitando e controlando proliferação o quanto antes.
Os adultos da traça do tomateiro são pequenas mariposas que apresentam uma coloração acinzentada e cerca de 10mm de comprimento. Devido ao cheiro das cultivares do tomate, são atraídas para ambientes abertos e até mesmo estufas.
Apesar de o ambiente protegido (estufas) apresentar vantagens em relação a entrada de pragas, quando a traça se instala em uma estufa encontra as condições perfeitas para se reproduzir, podendo ter o ciclo encurtado (de 30 para 20 dias), o que exige uma ação ainda mais rápida dos horticultores. Entretanto, a vantagem do ambiente fechado é a facilidade no monitoramento e controle da praga, já que a possibilidade de surgirem novas traças adultas é menor.
As traças se proliferam rapidamente, em um ciclo de cerca de 20 a 30 dias. Ao longo do dia, as traças adultas se escondem nas folhas do tomateiro ou de cultivares hospedeiras, e nos períodos de manhã e fim de tarde (mais frescos) acasalam e depositam os ovos nas cultivares.
Cada fêmea pode depositar de 55 a 130 ovos durante 3 a 7 dias. Eles são depositados principalmente nas folhas do terço superior da planta, mas também podem ser encontrados nas hastes, flores e frutos.
Possuem formato arredondado e coloração amarelada, mudando para marrom quando estão próximos de eclodir, fenômeno que ocorre de três a cinco dias após a postura.
Abaixo a história toda desde a primeira reportagem no mês passado.
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ATUALIZADA DIA 22 JUN 2020
ÁGUA BOA – O apelo de um produtor de tomate feito na semana passada aqui na Interativa rendeu excelentes resultados.
Manoel Moreno de Mello plantou cerca de duas mil mudas de tomate e tinha enormes dificuldades para colocar seu produto no mercado local.
Depois da postagem da reportagem, ele recebeu no telefone WhatsApp quase mil mensagens de pessoas interessadas em comprar o tomate. Tanto que em apenas 3 dias, cerca de 80 caixas de tomate maduro foram comercializadas. Manoel estava com receio de perder o tomate na horta, por falta de mercado.
Contatos foram feitos por centenas de moradores de Água Boa. Alguns compraram os tomates e deram para familiares e vizinhos, como forma de colaborar com o produtor. O curioso é que somente um estabelecimento comercial de Água Boa comprou os tomates para fornecer aos seus clientes, e promoveu a venda pelo mesmo valor da compra.
O negócio foi feito apenas para ajudar o feirante. Estabelecimentos comerciais de várias cidades da região fizeram contato com ele, e abriram um canal de negociação para quando os tomates entrarem na fase da colheita nas próximas semanas.
Comerciantes de Canarana, Confresa, Cocalinho, Nova Xavantina, Barra do Garças, Ribeirão Cascalheira e outras cidades também mostraram interesse no produto. O que mais chamou a atenção de Manoel foi o contato de um atacado de Campo Grande/MS, que mostrou interesse em futura parceria.
Para isso, outras tratativas terão que ser feitas, principalmente por conta da distância, o que pode inviabilizar o negócio. Manoel Mello disse que está contente e agradeceu a todos que salvaram sua produção de tomates. Ele continua vendendo tomates em sua residência, já que a colheita é diária.
Abaixo a matéria completa
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Publicado dia 18 jun
ÁGUA BOA - Em tempos de coronavírus, quando o agronegócio é o único setor que cresce, infelizmente, a agricultura familiar sofre revés. Assim é a história de Manoel Moreno de Mello.
Ele investiu no plantio de cerca de duas mil mudas de tomate, em uma terra arrendada na região de chácaras aos fundos do CTG Coração Gaúcho. Ele fornecia tomate para a merenda escolar de escolas, porém com o coronavírus, a entrega do produto não se concretizou.
Outra situação é que alguns mercados preferem comprar o produto de Goiânia. Para piorar, a Feira do Pequeno Produtor também ficou parada por algumas semanas, por causa de decreto municipal. Depois que a feira recomeçou, o movimento é bem menor aos domingos.
Todos esses fatores causaram queda nas vendas do tomate. Ele disse que tem a pronta entrega até 800 caixas de tomate no ciclo do tomate, que dura até 120 dias. Cada caixa tem 22 quilos.
Os tomates tipo saladete são de ótima qualidade. Ele também pensa em ampliar os tipos de tomate para atender a todos os gostos. A produção local gera emprego e renda familiar. Ele e a esposa é quem trabalham na horta.
A família vive aqui e investe o lucro na cidade. Porém, com essa crise, Manoel teme pelo destino dos tomates. “Se eu não encontrar mercado logo, não farei nem a colheita para não perder mão de obra. Os tomates vão apodrecer ali mesmo onde foram plantados”, declarou ele.
O investimento na plantação custou só de sementes, cerca de R$ 600,00. Depois disso, tem a própria mão de obra de preparo da terra, semeadura, cuidados de manuseio, irrigação, aplicação de defensivos agrícolas, até a colheita.
Manoel fez questão de ressaltar que na época da seca são aplicados poucos produtos, deixando o tomate com uma excelente qualidade para consumo humano. O grande desafio que ele nunca pensou enfrentar é colocar o produto no mercado. Manoel disse que fez alguns contatos, mas os compradores locais preferem buscar o produto em Goiânia.
Dessa forma, o dinheiro vai embora, enquanto que comprar produtos locais é incentivar a geração de renda na comunidade. Faz 3 semanas que os tomateiros estão produzindo e mediante a baixa procura, a esperança de colocar o produto nos mercados vai caindo.
Geralmente os compradores preferem um tomate ‘de vez’, que ainda não amadureceu, para que o tempo possa auxiliar na conservação até a venda. Antes da crise, eles vendiam até 200 quilos de tomate na Feira do Produtor.
Hoje, não passa de 50 quilos. No caso de Manoel Mello, alguns tomates já estão maduros, e as chances de venda são bem inferiores. Se tiver alguém interessado pode fazer contato com o telefone WhatsApp 66.66-9.9714-4153.
No total, ele estima produzir mais de 17 mil quilos do produto. "Tudo pode ir por água abaixo", afirmou ele.