Líder só acredita na FICO com recursos públicos
CUIABÁ - O presidente da Aprosoja, Ricardo Tomczyk, revela que não acredita na consolidação da Ferrovia de Integração do Centro Oeste (Fico) com recursos privados. As declarações foram feitas durante lançamento do evento Parecis SuperAgro, que conta com o apoio da entidade. Tomczyk avalia que a Fico não tem atratividade comercial para o setor privado e que se não for uma obra pública, custeada pelo governo federal, não deverá sair do papel. “É isso que está pesando para o andamento da Ferrovia. Economicamente ela não é interessante para o setor privado, é muito investimento para pouco retorno. A Fico passa pelo meio da Reserva do Xingu, teria que cruzar todos os rios da região, imagine o custo de uma obra dessas”, diz.
O presidente da Aprosoja deixa claro que acredita ser viável a obra, desde que o investimento seja exclusivamente público. Cita, inclusive, a colonização do Oeste americano, como exemplo para a condução da obra. “Se não for uma obra pública pura, ela não vai sair do papel. Nós temos duas formas de interpretar esta obra, que são bem interessantes. A primeira como política pública, nos EUA, primeiro veio a ferrovia e depois o progresso atrás, colonizando a região. Dessa forma a Fico faz todo sentido. E na segunda forma, como investimento por meio de uma parceria público-privada, o que não seria interessante para os investidores, pois quem vai pagar precisa de lucro e isso não seria num tempo hábil ou vantajoso”, alega.
Para Tomczyk, a questão ferroviária hoje em Mato Grosso tomou “outros rumos” e existem duas rotas que estão chamando a atenção dos investidores, até mesmo dos chineses. A primeira, a “menina dos olhos”, é a que ficou conhecida como Ferrogrão, que ligaria a cidade de Sinop até Miritituba no Pará. Ao todo, segundo ele, seriam mil quilômetros de ferrovia beirando a BR-163. “Esse tracejado é o de maior interesse, pois, o retorno lucrativo seria rápido e facilitaria grande parte do escoamento da produção, chegando ao porto sem maiores perdas. Além disso, boa parte dos Estudos de Impactos Ambientais poderiam ser aproveitados da 163”.
Na sequência, o dirigente aponta outro trecho que tem despertado o interesse do setor privado, sendo o estudo que ligaria Sapezal até Porto Velho em Rondônia, no qual o escoamento da safra seria facilitado até o porto daquela Capital. “Estas duas obras sãos as mais baratas e com um retorno financeiro num prazo desejável ao setor privado”.
Atualmente a Fico passa por um imbróglio entre o Tribunal de Contas da União (TCU) e o governo federal em relação ao montante a ser gasto na construção da ferrovia, que vai de Campinorte (GO) até Lucas do Rio Verde, totalizando 1.065 km. Isso porque o TCU determinou que o valor deveria ter um decréscimo de R$ 1,6 bilhão, saindo de R$ 6,4 bilhões para R$ 4,8 bilhões. Este corte, no entanto, pode inviabilizar a concessão. (RDNews.com.br)