
Acrimat orienta pecuaristas a buscarem renegociação em meio a desafios econômicos
Atualizada dia 30 jan 24
CUIABÁ - Diante dos desafios enfrentados pelos pecuaristas, marcados pela instabilidade nos preços da arroba, a redução dos índices de chuvas e a incerteza na conjuntura econômica, surge uma preocupação crescente sobre a capacidade dos produtores em honrar compromissos financeiros, especialmente aqueles que buscaram crédito para custear e expandir suas operações. A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), vem buscando soluções para o produtor e sugere como enfrentar este problema que vem tirando o sono do pecuarista.
Com pouca a curto e médio prazo, muitos pecuaristas podem enfrentar dificuldades para honrar as prestações de financiamentos ao longo deste ano. Em meio a esse cenário desafiador, é importante destacar que, de acordo com o Manual do Crédito Rural do Banco Central do Brasil, existe a possibilidade de renegociação para aqueles que comprovarem dificuldades temporárias de pagamento, em virtude de situações específicas.
O manual ainda prevê que as instituições financeiras estão autorizadas a prorrogar a dívida com os mesmos encargos financeiros originalmente pactuados, desde que a pessoa comprove problemas de fluxo de caixa temporário influenciado pela dificuldade de comercialização dos produtos, frustração de safras por fatores adversos ou ocorrências prejudiciais ao desenvolvimento das explorações.
Diante dessa oportunidade de renegociação, os pecuaristas que possuem operações de financiamento com parcelas a vencer se enquadram nas hipóteses citadas. Sendo assim, para aqueles interessados em prorrogar o vencimento de seus financiamentos de crédito rural, o processo envolve algumas etapas. Confira:
Consulta à Assistência Técnica/Profissional:
Produtores devem procurar seus assessores técnicos ou profissionais responsáveis pela elaboração de seus projetos e solicitar um laudo técnico que demonstre a oscilação dos preços da arroba de bovinos, os danos às pastagens causados pela escassez de chuvas, a avaliação da perda de produtividade devido à redução da oferta de alimento ao rebanho, além de citar o volume pluviométrico de anos/períodos anteriores, estimativas de prejuízos e a perspectiva de recuperação dos problemas apontados.
Elaboração de Fluxo de Caixa:
Os produtores devem preparar um fluxo de caixa que reflita as alterações provocadas pelo conjunto de problemas mencionados na etapa anterior.
Encaminhamento Formal ao Banco:
Com os documentos em mãos, os produtores devem encaminhar formalmente a solicitação de renegociação ao seu gerente no banco e acompanhar a avaliação na agência. (Ascom)
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Decretos de emergencia ilustram situação climática pejudical ao agro de MT (23 jan)
CUIABÁ - O clima adverso que impactou o desenvolvimento das lavouras de soja em Mato Grosso deve fazer com que muitos produtores não consigam ‘fechar a conta’ ao final da safra da oleaginosa 2023/24. O alerta é do presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber.
Lucas destaca que a Aprosoja-MT tem fornecido aos municípios informações meteorológicas das estações do Aproclima, um projeto da Aprosoja-MT para monitoramento do clima, subsidiando os gestores municipais sobre a realidade de suas respectivas regiões. Atualmente, o Aproclima possui mais de 60 estações em todas as regiões produtoras de MT.
O trabalho é feito pelas comissões de Defesa Agrícola e Política Agrícola da entidade, em conjunto com os sindicatos rurais e os delegados dos núcleos da associação. Até o momento, mais de 30 municípios já decretaram estado de emergência local. “Isso é um alerta que prova que há seca nessas regiões”, pontua o presidente.
Por meio do Informe 341/2023, a entidade transmitiu orientações aos seus associados sobre o registro de perdas decorrentes da estiagem e do calor excessivo que acometeu a produção. Há relatos de produtores, de diversas regiões do estado, que dão conta da existência de produtividades inferiores ao custo de formação de lavoura.
Dentre as medidas que o produtor pode tomar estão a elaboração de laudos agronômicos periódicos feitos por um profissional habilitado; laudos de produtividade comparando as safras, atas notariais, relatórios fotográficos georreferenciados, além de outros documentos que esclareçam ou ilustrem a ocorrência.
Assim, o produtor pode utilizar essas comprovações para instruir o diálogo com seus parceiros comerciais, transmitindo confiabilidade e transparência nas negociações e comprovando de forma inequívoca o fato gerador da dificuldade para o reembolso do crédito ou cumprimento integral do contrato. O presidente da Aprosoja-MT orienta também que todas as tratativas sejam feitas por e-mail para se manter um registro formal desse alinhamento entre as partes, além de o produtor ter a confirmação da ciência dessas tratativas.
É desejável que esse diálogo seja estabelecido tão logo se tenha evidências de que a situação climática poderá afetar os compromissos assumidos, para garantir pleno conhecimento do cenário às partes envolvidas. “O que temos passando é uma orientação para minimizar as divergências do produtor com as empresas. É importante que ele demonstre sempre boa-fé, que faça os laudos das lavouras e procure formalizar as conversas”, enfatiza Lucas.
FINANCIAMENTO DA SAFRA
De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o custeio da soja 2023/24 ficou em 50,04 bilhões, sendo que 15,8 bilhões foram de recursos próprios; R$ 14,77 bi de multinacionais de agroquímicos, fertilizantes e sementes; R$ 9,04 bi de revendas; R$ 8,37 bi do sistema financeiro e R$ 2,06 bi de bancos com recursos federais.
Portanto, o ‘Funding Soja’ da safra 2023/24 foi 122% maior que o da safra 2019/20, quando o financiamento foi de R$ 22,50 bi. Por outro lado, os produtores assistem a queda da cotação da soja enquanto seus custos permanecem altos. Desde março de 2022, quando a cotação da soja alcançou seu pico, em R$ 184, ela caiu mais de 45%, para menos de R$ 100, em 19 janeiro de 2024. (AScom)