Potencialidades do Araguaia parte 4 - Rodovias na região
ATUALIZADA DIA 07 JUNHO 2020
Fechando a série sobre as potencialidades do Araguaia e o agronegócio em foco, hoje escrevemos sobre as rodovias da região.
MT-326
Atualmente, a MT-326 é vista como outra via importante para escoar a produção agropecuária da região do Médio Araguaia para importantes centros de Goiás. Porém, uma rodovia que tem pouco mais de 100 quilômetros entre Nova Nazaré e Cocalinho, ainda não está completamente asfaltada. Restam cerca de 70km por asfaltar.
As pontes de madeira sobre os rios Borecaia, Água Preta, Courixão e Courixinho estão prometidas e devem ser concluídas nos próximos meses. Resta ainda a ponte sobre o Córrego Água Suja e o trecho por asfaltar da cidade de Nova Nazaré até a BR-158. Outra obra de relevância é a ponte sobre o Rio das Mortes na divisa de Cocalinho com Nova Nazaré. Imprescindível para deixar de lado a transposição por balsa, que além de ser um serviço de alto risco, é lento e caro para os transportadores de cargas. Pela MT-326 circulam diariamente cerca de 80 carretas carregadas com calcário.
A produção ocorre nas mineradoras de Cocalinho, na região Rio das Mortes. O calcário é necessário para abastecer as lavouras de todo o Médio Araguaia. Sem calcário, não há produção de gado nem lavouras. Extraoficialmente, sabe-se que são produzidas anualmente cerca de 1 milhão de toneladas de calcário. A MT-326 recebeu alguns trechos de asfalto, mas o pavimento já está enchendo de buracos e se não for recuperado logo, adeus asfalto. A Rodovia do Calcário é de vital importância para o Médio Araguaia.
Leste Oeste
Uma rodovia estadual está em construção para ligar Canarana com Gaúcha do Norte, e de lá, saindo na região de Nova Ubiratã através do distrito de Santiago do Norte (Paranatinga). Aliás, esse distrito deve lutar por sua emancipação assim que reunir as condições econômicas necessárias. A FICO deve passar no arco de sua abrangência para desviar do Parque Indígena do Xingu.
Além disso, Água Boa também sonha em ter ligação asfáltica pelo interior (MT-240/414) chegando até a MT-020 (Canarana a Gaúcha do Norte). O sonho é acalentado pelos produtores rurais e demais lideranças. Isso encurtaria a distância com Cuiabá em cerca de 200km.
BR-158
A BR-158 é uma rodovia federal do Brasil. Uma das estradas mais longas do país, tem 3.946,2 quilômetros ligando Altamira no Pará, com Santana do Livramento/RS, na fronteira com o Uruguai. Em Mato Grosso, a rodovia federal corta somente a região Araguaia de norte a sul.
Para viajar pelo Araguaia ainda resta esta obra de grande envergadura por concluir, ligando Ribeirão Cascalheira com Confresa. O traçado por fora da Terra Indígena Marãiwatsédé era uma das opções. São mais de 120km de estrada de chão batido para chegar aos portos do Pará ou do Maranhão. A rodovia federal é a única artéria federal que corta o Araguaia. Apesar da promessa de mais de duas décadas, o asfalto ainda não é uma realidade.
A partir de Querência aos demais municípios do Norte Araguaia, o caminho mais curto para escoamento da produção agropecuária seria o trecho norte rumo ao Pará. Porém, a estrada está cheia de buracos e atoleiros, sem falar na existência de pontes de madeira que vivem dando problemas no lado Mato-grossense da rodovia. Portanto, a infraestrutura atual trava o progresso e o desenvolvimento do Araguaia. (Inácio Roberto)
A recente informação do Governo Federal é que o projeto de apoio ao licenciamento ambiental da BR-158/MT foi qualificado na 10ª Reunião do Conselho do PPI, por meio da Resolução nº 69, de 21/08/2019, convertida no Decreto nº 10.138, de 28/11/2019.
O empreendimento contempla a implantação e pavimentação da BR-158, um dos eixos longitudinais do Estado do Mato Grosso na logística de transportes, em especial para o escoamento da safra de grãos, a qual requer licença de instalação para sua concretização. Localizado entre a Divisa dos estados do Mato Grosso e Pará e o município de Ribeirão Cascalheira/MT, totaliza 417,80 km de extensão, incluindo-se aí o segmento de contorno leste da Terra Indígena Marãiwatsédé. (Ascom Ministério da Infraestrutura)
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ATUALIZADA DIA 04 JUNHO 2020
Ferrovia de Integração Centro Oeste - A ferrovia apresenta um traçado otimizado que gera mais eficiência na operação e no transporte de carga. Nova promessa do Ministro da Infraestrutura Tarcisio de Freitas, é de que o contrato da FICO seja assinado ainda no segundo semestre do ano, para começo das obras em 2.021.
Três alterações no traçado da FICO ocorreram nos municípios de Cocalinho/MT, Crixás/GO e Santa Terezinha de Goiás/GO.
A iniciativa surgiu na Superintendência de Projetos (Supro). Chefiados pelo engenheiro Armen Armaganijan, os técnicos da VALEC promoveram novas análises, que resultaram em um desenho de traçado melhor, mais econômico e potencialmente mais rápido.
A revisão do projeto manteve o traçado do segundo trecho (518 km), mas alterou substancialmente o do primeiro (383 km). A mudança mais visível é que em vez de ligar-se à Ferrovia Norte-Sul em Campinorte/GO, a linha passa a ter como destino o município de Mara Rosa/GO.
A alteração apresenta muitos ganhos, em especial, nos últimos 30 km anteriores ao entroncamento com a FNS. Pelo projeto antigo, atravessar esse trecho exigia aumento de tração por meio da adição de locomotiva auxiliar para cada composição devido à uma subida abrupta em que a rampa passa de 0,6% para 1,45%. Com a mudança para Mara Rosa/GO, a rampa passa a ser a mesma em toda a extensão da linha férrea (0,6%), desde de Lucas do Rio Verde/MT, além de encontrar uma rampa também mais eficiente ao transporte a partir da entrada na FNS.
Outra melhoria alcançada pelos engenheiros da VALEC é a alteração dos raios de curva do traçado optando por raios maiores, ou seja, curvas mais suaves durante toda a extensão da ferrovia, fato que otimiza e homogeniza as condições de tráfego, além de melhorar a operação do tramo ferroviário.
Tarcisio de Freitas entende que a obra da FICO será acelerada em virtude das vantagens econômicas que esse modal representará para sua futura operadora e também para a região a ser beneficiada. (Ascom)
Depois de ligar Mara Rosa/GO com Água Boa, a rodovia deve prosseguir em uma etapa futura até chegar à Lucas do Rio Verde/MT. O Médio Norte de Mato Grosso é grande produtor de grãos. Na região se localizam Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e Sinop, expoentes do agronegócio.
A FICO vem sendo prometida desde 2.010. O primeiro que falou do projeto em Água Boa foi José Francisco das neves, O ‘Juquinha’ da Valec (Governo Federal). No início da década, ele chegou a prometer o trem apitando em Água Boa até 2.015. Nem projeto havia. Mas ficou a esperança de que a região poderia contar com uma ferrovia no futuro.
Curioso que no site oficial da VALEC, no portal inicial não consta nenhum link de acesso à FICO. Somente outras ferrovias aparecem lá. A pesquisa no site da VALEC foi feita neste dia 04 de junho de 2.020.
A vinda de um porto seco da FICO impulsionará o surgimento de dezenas de empresas para operarem o embarque/desembarque de cargas. São empresas de várias áreas, fomentando a geração de emprego, renda. Ainda não se pode estimar com exatidão o que isso sginificará para a economia da microrregião quando a FICO estiver em plena atividade.
Para chegar em Água Boa, no território de Mato Grosso, a FICO atravessará os municípios de Cocalinho e Nova Nazaré. Depois, o projeto pretende levar os trilhos até Lucas do Rio Verde, beneficiando a travessia leste-oeste e criando um importante corredor de transporte de cargas. (Inácio Roberto)
Fotos: Valec/Ministério da Infraestrutura/Internet
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ATUALIZADA DIA 03 JUNHO 2020
Hidrovias
ÁGUA BOA - O segundo capítulo das potencialidades do Araguaia fala das hidrovias. Sonho de consumo do Araguaia, realidade em países desenvolvidos e principalmente em países pobres. No Brasil, porém, uma hidrovia esbarra em questões ambientais e em alguns lugares, em questões indígenas, como é o caso da nossa hidrovia.
A região hidrográfica do Tocantins – Araguaia tem área de 921.920 quilômetros quadrados espalhada pelos estados de Tocantins, Pará, Maranhão, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal.
O Rio Tocantins nasce do Planalto de Goiás, formado pelos rios Almas e Maranhão, e tem 1.960 quilômetros de extensão até a foz, na Baía de Marajó. O principal afluente é o Rio Araguaia. Além de ser espaço para expansão da fronteira agrícola, principalmente no cultivo de grãos, a região tem grande potencial hidroenergético.
A bacia é a segunda maior do Brasil, e compreende trinta sub-bacias. O Rio Araguaia tem trechos de leito arenoso combinados a outros rochosos: os pedrais e os travessões podem prejudicar a navegação. A Ilha do Bananal, com 20 quilômetros de extensão, é a maior ilha fluvial do mundo, banhada pelo Araguaia.
O Rio das Mortes desemboca na margem esquerda do Araguaia e é navegável em 567 quilômetros, entre São Félix do Araguaia e Nova Xavantina, em Mato Grosso. Mas a navegação só é segura no tempo das cheias, justamente no final do período de colheita da primeira safra de grãos. Para escoamento da safrinha (agosto em diante), seria temerário usar o transporte naval em alguns trechos do Rio das Mortes, já que as águas estão na vazante.
Navegação do Tocantins
O sistema tem vias navegáveis, terminais hidroviários e estruturas de transposição de nível, como as duas eclusas de Tucuruí, com 210 metros de comprimento, 33 metros de largura e 3,5 metros de profundidade mínima.
No Rio Tocantins a extensão navegável é de 1.152 quilômetros, mas sem continuidade. No Maranhão, entre Imperatriz e o terminal multimodal de Estreito/Porto Franco, só é possível navegar no período de cheia.
A hidrovia tem capacidade para comboios de 108 metros de comprimento, 16 metros de boca e calado de 1,5 metro. Já o trecho de 43 quilômetros do Pedral do Lourenço, que fica entre a Ilha da Bogéa e Santa Terezinha do Tauri, comporta comboios de 150 metros de comprimento e 32 metros de largura, com calado mínimo de 2,1 metros.
Os principais portos ao longo da hidrovia são: Vila do Conde, Abaetetuba, Cametá, Tucuruí, Marabá e Conceição do Araguaia, no Pará; Imperatriz, Porto Franco e Carolina, no Maranhão; Aguiarnópolis, Pedro Afonso, Miracema, Araguatins, Xambioá e Araguacemas, no Tocantins; Santa Terezinha, Luciara, São Félix do Araguaia, Barra do Garças e Nova Xavantina, em Mato Grosso; e Luiz Alves e Aruanã, em Goiás. (Ascom- Fonte:http://www.dnit.gov.br/hidrovias/hidrovias-interiores/hidrovia-do-tocantins em 29/06/2016)
A hidrovia do Tocantins-Araguaia é uma das principais vias de transporte do corredor Centro-Norte brasileiro. Por estar localizada no Cerrado, a maior região produtora de grãos do País, tem potencial para se transformar numa das mais importantes vias de águas navegáveis do País. É uma via navegável até a hidrovia do Amazonas, desde Barra do Garças (MT), no rio Araguaia, ou Peixe (TO), no rio Tocantins, até o porto de Vila do Conde, próximo a Belém (PA), privilegiadamente localizado em relação aos mercados da América do Norte, da Europa e do Oriente Médio.
Possui potencial navegável em aproximadamente 3.000 km. No rio das Mortes, entre Nova Xavantina (MT) e a sua foz no Araguaia, são 580 km. No rio Araguaia, de Aruanã (GO) até Xambioá (TO), são 1.230 km. No rio Tocantins, de Peixe (TO) a Estreito (MA), são 700 km, de Estreito à Marabá (PA), 321 km, e de Marabá (PA) até sua foz, 500 km.
Pertencente ao corredor Centro-Norte, a hidrovia do Tocantins-Araguaia se divide em quatro ramos. O primeiro, de Peixe (TO) a Marabá (PA), com 1.021 km de extensão; o segundo, de Marabá (PA) à foz do Tocantins, com 494 km; o terceiro de Baliza (GO) a Conceição do Araguaia (PA), apresentando um imenso potencial para o escoamento da produção de grãos do Mato Grosso, Goiás, Pará e Tocantins; e o quarto trecho de Conceição do Araguaia à foz do Araguaia, no próprio rio Tocantins, onde apresenta limitações devido as grandes corredeiras do Araguaia.
A hidrovia tem vias navegáveis, terminais hidroviários e estruturas de transposição de nível, como as duas eclusas de Tucuruí, com 210 metros de comprimento, 33 metros de largura e 3,5 metros de profundidade mínima. (Fonte: http://www.dnit.gov.br/modais-2/aquaviario/hidrovia-do-tocantins-araguaia em 27/12/2018)
ÁGUA BOA – No final da década de 90, houve até um ensaio para o início do transporte de cargas pela Hidrovia Rio das Mortes-Araguaia-Tocantins, a partir do Rio das Mortes, em Nova Nazaré. Na época, a localidade pertencia ao município de Água Boa. Na barranca do rio das Mortes, foi carregada a primeira carga de soja com destino aos portos na foz do Rio Tocantins, onde desembocam o Rio das Mortes e o Araguaia. Mas a aventura não passou da primeira viagem, já que na época, houve embargo da hidrovia por questões ambientais e indígenas. No entanto, Água Boa continua sonhando com esse meio de transporte, já que o Brasil é um país continental que pouca explora suas hidrovias. Na foto de abertura do tema, aparece o primeiro embarque de soja em Água Boa. (Inácio Roberto)
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Potencialidades do Araguaia Parte 1
ÁGUA BOA - Em 2.019, o Sindicato Rural de Água Boa promoveu um estudo sobre as potencialidades do Araguaia em face do projeto da Ferrovia de Integração Centro Oeste estender seus trilhos pela região. Os números são baseados em estudos do IMEA – Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária.
Antonio Fernandes ‘Tunico’ de Mello informou que o rebanho bovino da microrregião é de 2 milhões 144 mil cabeças de gado, cerca de 7,1% da produção de Mato Grosso. O abate de gado chegava a 364 mil cabeças na região, ou 6,7% do montante de Mato Grosso. Até 2.028, a perspectiva pelo estudo é de que a região chegue a 7,3% do rebanho de Mato Grosso.
Atualmente, a microrregião produz 34 milhões de litros de leite, apenas 5,6% da produção mato-grossense. Na microrregião eram 127 mil moradores em 2.018, segundo o IBGE, em uma área que compreendia 1.080.000 hectares.
A cultura da soja cresceu 318% nos últimos 10 anos (2.008/2.018), chegando a 3.548.678 toneladas (11% da produção de Mato Grosso). No milho, foram produzidas 1.417.400 toneladas (5,15% de MT), representando um incremento de 1,9% no decênio. ‘Tunico’ disse que atualmente, são ocupados com lavoura menos de 1 milhão de hectares num raio de até 200 quilômetros da cidade de Água Boa. “A vinda da ferrovia pode impulsionar a agricultura e a pecuária.
A área com agricultura pode ser ampliada para 2 milhões e 150 mil hectares, sem abertura de novas áreas. A integração lavoura e pecuária também é aposta de muitos produtores rurais em busca de agregar renda. O aumento de área cultivada será de mais de 100%. A implicação disso para todos os setores da economia pode ser gigantesca. A projeção é de que com área de cultivo maior, haveria maior geração de emprego e renda.
Diante desse quadro de aumento de área ocupada com lavoura e pecuária, o sindicalista aposta que aumentará a necessidade de modais de transporte rodoviário e ferroviário para o escoamento dessa produção.
Além disso, nossa reportagem sabe que em anos recentes, aumentou consideravelmente a produção de outras culturas como milho, feijão e gergelim. Isso abre portas para outros mercados. O escoamento é preocupação para a classe do agronegócio.
Em face dessas potencialidades, existe outra ainda que depende apenas dos produtores rurais: aumentar a produtividade da soja e do milho. Segundo a Associação dos Engenheiros Agrônomos de Água Boa, a produtividade da soja tem aumentado gradativamente em anos recentes, principalmente com o uso correto de tecnologias, sementes certificadas, manejo de pragas, e insumos.
Tanto que alguns produtores experimentam produtividade de 70 sacas de soja por hectare. Outros, infelizmente, ainda não saíram das 50 sacas de soja, também por uma série de fatores.
No milho, a realidade é igual. Os produtores já se aproximam de 100 sacas de milho por hectare, mas esses números ainda podem melhorar. Em outras regiões, a produtividade já ultrapassa as 120 sacas de milho por hectare. Tudo isso pode catapultar ainda mais a produção do agronegócio, que precisa de rodovias, ferrovia e hidrovia para o escoamento com competividade frente aos mercados globalizados. (Inácio Roberto)