Raiva bovina no PA Jandira
ÁGUA BOA – O Indea alerta que foi descoberto novo foco de raiva em bovinos no Projeto de Assentamento Jandira, interior do município. A informação é do médico veterinário Francisco Souto. Segundo ele, por causa da enfermidade que é fatal, foi instituída a obrigatoriedade da vacinação contra a raiva do gado, equinos, suínos e carneiros do PA Jandira. A notificação da vacinação do rebanho deve ser feita ao Indea no prazo de 10 dias.
Qualquer suspeita de gado doente deve ser comunicada imediatamente ao Indea. Seguidamente nos últimos anos, tem sido constatados focos de raiva bovina na região. Francisco Souto alerta que as pessoas não devem tocar nos animais infectados para não contrair a doença, que não tem cura. Nesse caso do PA Jandira, dois animais mortos na propriedade foram diagnosticados com raiva bovina, provavelmente transmitida por morcegos.
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A raiva bovina é geralmente transmitida pela mordedura de morcegos hematófagos, que atuam como portadores, reservatórios e transmissores do vírus da raiva. No Brasil, a espécie mais importante é a Desmodus rotundus. O vírus encontra-se na saliva do animal e, obviamente, é necessário que a saliva tenha contato com a ferida, pois o vírus não atravessa a pele íntegra. Existem também relatos da transmissão por via aérea que ocorre em cavernas (muito importante entre os morcegos) e locais fechados que abrigam animais doentes. Pode-se ainda, ocorrer a transmissão acidental através da utilização de vacinas vivas e durante a necropsia de animais afetados pela doença. Após a transmissão, o vírus desloca-se para o sistema nervoso e o curso da doença leva em média 10 dias. O período de incubação da enfermidade varia de 3 a15 semanas.
Nos bovinos a forma clínica mais comum é a raiva paralítica, entretanto, podem ocorrer casos de raiva furiosa. O animal afetado apresenta uma hipersensibilidade a todos os fatores externos. Ocorre uma nítida mudança de hábito, os sintomas evoluem para perda da consciência, mugido rouco, aumento do volume e presença de espuma na saliva, midríase, fezes secas e escuras, andar cambaleante, paralisia dos membros posteriores, e evolução para a paralisia dos anteriores. A morte ocorre 4 a 8 dias após o início dos sintomas.
Nos casos de suspeita clínica de raiva, não se deve matar o animal! Aguardar a evolução natural do quadro e colher material após a morte. Como a maioria das doenças que causam encefalite provocam sintomas semelhantes aos da raiva (tais como: plantas tóxicas, doença de Aujesky, clostridioses,... ) somente o exame laboratorial pode definir o diagnóstico. Atenção especial deve ser dada à necropsia, que deverá ser feita por um profissional, considerando-se o risco de contaminação e a grande importância da forma de coleta e envio da amostra para a eficiência do diagnóstico. Enviar, sob refrigeração, o cérebro, cerebelo e o hipocampo (sempre bilateral) e enviar juntamente as informações do histórico do caso. Nos casos em que o tempo entre a morte do animal e a chegada do material ao laboratório for superior a 48 horas, deve -se enviar o material em solução fisiológica estéril com 50% de glicerina. O exame mais utilizado é a imunofluorescência.
Nas regiões endêmicas, o controle da raiva é feito com a vacinação sistemática de 100% dos animais susceptíveis e o controle dos morcegos hematófagos. O controle dos morcegos hematófagos é realizado através da captura e utilização de uma pasta anticoagulante no dorso dos animais capturados, que são libertados e voltam à toca de origem. Quando os demais morcegos da colônia lambem o anticoagulante morrem de hemorragia generalizada.
Para que a vacinação proteja contra a doença é necessário que o animal seja vacinado e consiga produzir anticorpos antes da inoculação do vírus da raiva, por isso, quando consideramos a vacinação, deve-se ter em mente que a vacina precisa de 21 dias para oferecer proteção aos animais. Quando a vacina viva for utilizada, vacinar somente os animais maiores de 4 meses de idade. A aplicação deve ser intramuscular profunda, e deve-se dedicar uma atenção especial com a conservação: não utilizar frascos com mais de 20 doses, não utilizar nenhum tipo de desinfetante (o vírus da raiva é muito suscetível à ação de desinfetantes comuns, tais como soluções à base de hipoclorito, formol, iodo e compostos quaternários de amônio). Nos próximos anos, utilizar vacinas inativadas. Mesmo que não haja focos de raiva é necessário vacinar os animais nas áreas endêmicas, uma vez que, existindo o morcego hematófago, pode surgir a qualquer momento um novo foco. (Ascom)